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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Artigo #1

A surdez dos bateristas
Por João Figueiredo

Infelizmente, é já um lugar comum o baterista ser considerado o elemento menos “musical” no seio de uma banda. É inegável que é um elemento fundamental e nunca é pouco procurado para entrar para um projecto ou outro, mas quantos de vós bateristas foram confrontados com o facto de não serem consultados no acto da composição de uma música? Pois é, é comum sermos considerados dispensáveis nesse patamar e muitas vezes por culpa própria. Somos os principais culpados desta “discriminação” porque ainda descuramos a parte de teoria musical e conhecimentos de composição com muita frequência. Como já alguém me disse um dia: “não preciso de saber ler música para tocar bateria”. É infelizmente este género de pensamento que impera no seio das bandas. Mas houve outro “alguém” (neste caso podia nomear vários “alguéns”: Michael Lauren, Thomas Lang, Dom Famularo, etc…) que disseram que saber ler, escrever e compor música é tão ou mais importante que ser dotado ritmicamente.

O baterista tem de sentir-se tão “obrigado” a ser músico como outro elemento qualquer de uma banda. Não pode ficar a treinar paradiddles enquanto o resto da banda compõe uma música nova. É notório quando o baterista se senta à mesa com os seus colegas das harmonias e melodias e participa activamente na composição e estruturação de um novo tema. Nota-se logo uma muito maior fluidez nas linguagens utilizadas no tema, mais coesão entre a parte harmónica/melódica e a parte rítmica. Sabendo todos nós que a música no seu conceito mais vasto e universal é a soma entre estes três parâmetros (ritmo, harmonia, melodia) porque deixar para o fim o trabalho do baterista?

Aprendamos então a ler música, a compreender música em todas as suas facetas, escrever música em diversas linguagens. Quem sabe se um dia não estarão a “ensinar” um solo de guitarra para o vosso novo single?

A teoria musical hoje em dia é cada vez mais importante. Se porventura tencionam tornar-se freelancers então este factor é ainda mais importante. Um músico dotado muitas vezes é ultrapassado por um músico completo quando concorrem a um só lugar de baterista numa grande banda ou projecto ambicioso. É mais “apetecível” um músico competente, que trabalhe bem com metrónomo e que saiba ler música do que o maior solista do distrito…
Hoje em dia, com recurso às novas tecnologias, é cada vez mais fácil aprender música. Mas nunca, e sublinho nunca(!), pensem que aprendem tudo on-line. O Dennis Chambers é um caso isolado de um músico predestinado. O valor de ter aulas com quem sabe (e isto é muito importante perceber porque maus professores podem criar-vos vícios que podem não perder) é inestimável. Todos sabemos quanto custa ter aulas de qualidade em Portugal…mas vão ver que vale a pena o investimento quando no futuro estiverem a tocar para os grandes músicos portugueses e a viver da música!

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